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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Astrologia em versos: os trabalhos e os dias de Esíodo no inverno!



Esíodo e uma Musa, de Gustave Moreau. Paris, Musée d’Orsay.

Ao lado de Homero, os gregos colocaram Esíodo como seu segundo grande poeta. Esíodo nasceu na Beócia e viveu durante o século VIII a.C.  O poeta se envolveu com assuntos bem diferentes do mundo da aristocracia e sua cultura. Esíodo se ocupou do mundo dos camponeses. De um mundo cujo valor é o do trabalho. Para o poeta, assim como valorosa é a luta do herói com seu adversário, é também heróica a luta silenciosa e tenaz do trabalhador com a terra dura e com os seus  elementos. 
Esíodo escreveu os  Traballhos e os Dias de modo a orientar os camponeses com os trabalhos no campo, de acordo com as estações do ano. Assunto caro à Astrologia esse. Assim como os astros também são caros a orientação dos trabalhos no campo. Na época, trabalhador do campo não era sinônimo de atraso, nem de pobreza. E o poeta se dirige a todos os homens da 'vila', mas fala diretamente a seu irmão Perse, pois este administrava muito mal os bens herdados da família. E os dois passaram a brigar com a intermediação da justiça. Esíodo, nesta obra, queria fazer ver ao irmão que o grande valor está na força do trabalho. No trabalho que dignifica e educa o homem, que o salvaguarda do infortúnio. O tema casa muito bem com o dia de hoje. com a Lua em Capricórnio sorrindo para Saturno em Virgem.
A tradução que segue é da terceira Parte, 'os trabalhos', versos 493-563, o Inverno. Vocês verão como a descrição do Inverno casa-se bem com o signo de Capricórnio.
Esiodo, 'Le opere e i giorni'
(E a tradução é livre do italano para o português)
 Inverno  

Levanta-te,  de frente à banqueta do ferreiro e à quente pública sala, de inverno, quando o frio interrompe os trabalhos nos campos: o homem operoso também neste momento faz crescer seus bens. As dificuldades de um inverno cruel não te surpreendam na miséria, de modo a fazer-te apertar com a mão escarna o pé enregelado. O homem ocioso frequentemente coloca em mente falsas esperanças e, privo de meios, muitas reprovações dirige ao seu coração. Esperança não boa acompanha o homem indigente, que senta na pública sala e que não possui bens suficientes .
Tu, ao invés disso, grite aos teus servos:
‘Não dura para sempre o verão! Construam cabanas!”
Evita o mês de Capricórnio – dias bem tristes que pelam os bois!- e os gelos que sobre a terra importunos se formam, quando sopra Bóreas da Trácia nutridora de cavalos, e soprando remexe o vasto mar, enquando urram a terra e a floresta. Muitos carvalhos das grandes folhas e pinheiros maciços nos barrancos dos montes dobram-se à terra dos tantos frutos, abatendo-se sobre eles, e toda a grande selva ressoa.
Tremem de frio as feras; mesmo aquelas que têm o pelo quente fecham ao ventre o rabo; o vento gélido soprando penetra também nelas, ainda que tenham pelo abundante; e passa através da pele bovina que não consegue impedi-lo, e através da longa penugem das cabras; mas a violência de Bóreas, que encurva o velho, não penetra nas ovelhas que têm lã abundante, nem toca a macia virgem a qual senta dentro de casa, perto da sua querida mãe, ainda ignara das lisonjas da áurea Afrodite e, lavado o macio corpo e untando-o de óleo abundante, dorme dentro de casa, na noite invernal, quando o polipo rói os pés * na sua casa sem fogo e nos seus tristes cômodos: o sol, de fato, não os mostra um campo onde correr, mas se volta sobre a cidade e sobre a gente escura e mais brevemente se mostra a todos os gregos. Então, as feras cornudas que habitam os bosques, e aquelas sem cornos, fogem com penoso ranger de dentes pelos bosques e vales e todas têm em mente um só pensamento: onde, procurando um refúgio, podem haver sólido abrigo e rochosas cavernas, enquanto os mortais,  parecidos com o ser de três pés, ( o velho com seu cajado) que tem as costas curvadas e a face voltada para o chão, a esse de modo similar caminham para fugir da cândida neve. 
Envolva, como te digo, a defesa do corpo, um macio manto e uma túnica que chegue até os pés, que seja cheia de tramas ; assim te vestirás de modo que os pelos permaneçam firmes, nem levantando-se sobre o corpo dêem arrepios. Calça teus pés com calçados de bois que tenha sido morto, bem cômodo, e por dentro forrados de feltro. Assim que chegar o frio agudo da estação, costure com nervo bovino as peles de cabritos primogênitos para cobrir-te os ombros abrigando-os da chuva e coloca-te sobre a cabeça um chapéu de feltro trabalhado com cuidado para não ensopar-te as orelhas. O amanhecer, de fato, é gélido quando sopra Bóreas; sobre a terra desce do céu estrelado a brisa da amanhã que fecunda os terrenos dos afortunados patrões e que, surgindo dos rios perenes, ergue-se sempre mais em alto sobre a terra dos ventos tempestuosos. Frequentemente ao vésper, ele se transforma em chuva, e às vezes sopra como vento quando Bóreas turbina as densas nuvens. Tu precaveja-te e, terminado o trabalho, abrigue-te em casa, de modo que a tenebrosa  névoa que cai do céu não te envolva e não molhe teu corpo, encharcando as vestes. Atenção! Funesto é este mês invernal, funesto aos animais, funesto aos homens. Dê aos bois metade da ração, aos homens, ao contrário, maior nutrimento; as longas noites são reparadoras. Observando estes preceitos de modo que o ano inteiro cumpra o seu curso, compensa as longas noites e os dias, de modo que a terra, alma mãe de todos, dê todo o seu fruto.
* expressão enigmática e oracular que refere-se ao inverno.

Fim!

Não é um ato de amor esses preceitos de Esíodo? De um lado, a seriedade, o planejamento e o trabalho de Capricórnio. Para que, de outro, tenha-se a nutrição, o aconchego e o calor necessários de Câncer.

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